Renascimento de Umbanda
Adentrando uma casa, misto de ansiedade, medo, dúvida e alegria invade o coração.
É, foi difícil chegar até ali. Está difícil se manter de pé.
Ah! Quanto sofrimento, quanta dor.
Vontade de desistir, vontade de se trancar em si mesmo. Chega à hora em que acreditar na própria dor e achá-la procedente é um processo natural.
Vontade de desistir, essa sim era a maior força, nisso havia muita fé!
Mas hoje algo aconteceu e ali naquela casa simples, paredes brancas, silêncio profundo, chão batido, luz discreta algo está diferente no ar e dentro do coração sofrido.
Passa o tempo e o cheiro envolve o ambiente, a fumaça envolve os olhos, olfato e pulmões, o engraçado é que ao contrário do que acontece no mundo, onde fumaça incomoda, essa não, essa penetra os sentidos e a respiração se faz melhor onde brônquios se dilatam e a alma fica leve.
Tudo causa uma sensação diferente do que vem acontecendo desde tanto tempo, onde a alegria se foi e sorrir causa dor.
Agora uma casa, uma fumaça, causando sensações tão novas, estranhas, mas tão bom.
Em debate mental a surpresa maior acontece. Percussão toca forte e alto, vozes diferentes se unem e uma melodia corta o ambiente e parece também cortar algo dentro do ser.
A emoção é maior do que qualquer outra que se tenha na memória, o corpo responde reconhecendo, a alma dança abraçando algo que tanto procurava o que mais tarde se sabe ser um atabaque, naquele momento ao emanar seu som trás a sensação de uma criança que se perde no parque e depois de desesperada encontra a sua mãe.
É isso!!! Encontrou algo, chegou em casa, abraçou a mãe.
Nesse momento onde amarras começam a se desfazer, leveza invade o íntimo, paz. Ah! Quanta paz!!
Paz? Não, não pode ser, será que isso é paz? Não se sabe mais como é, seria isso?
Quando tudo parecia estranhamente bom e familiar, o corpo vibra ao ouvir um grande brado.
Gestos, sons e olhares, todos juntos vão fazendo sentido. Envoltos em sentimentos e sensações começa a vir à certeza de que valeu tudo para poder estar ali.
O tempo parou, olhos, coração, respiração tudo funciona em plena harmonia com o que se desenha a frente.
Já nem sabe por que de estar ali, mas a certeza de que dali não sairá mais.
Uma certeza de tudo que levou o caminho até ali teve razão de ser.
O momento se aproxima onde é preciso ir onde era planejado desde o início, se colocar a frente de uma entidade. O que é entidade? Como será?
O medo de antes desaparece, nesse momento não precisa ter resposta, a alma sabe, o coração acelera, os pensamentos confusos nunca foram tão claros.
Ao pisar naquele chão simples, iluminado por velas, perfeitamente entrelaçado com a fumaça que sai do charuto, o joelho dobra ao chão.
O choro rola pelo rosto, um choro nunca chorado antes, na verdade só o do nascimento e nesse caso é o mesmo choro, renascimento!
Ali acontece a cura maior, a alma desnuda sem defesas se entrega a emoção maior de todas que é a de chegar onde tanto se buscou, onde o medo não mais existe, a dor dará lugar à esperança, a tristeza a alegria, desistir não é mais uma possibilidade.
Agora o que mais se quer é viver, viver a nova vida!
Eu tô completamente emocionado com esse relato. Me sinto da mesma forma que você se sentia, mas ainda não conheço nenhuma casa, mas sei que é o que devo fazer, meu corpo pede, eu sinto isso. Quando foi, foi só? Não tenho ninguém que possa ir comigo, fico receoso de dar trabalho para as pessoas
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